RJ tem em setembro menor número de homicídios dolosos em três décadas

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O número de homicídios dolosos no estado do Rio de Janeiro atingiu em setembro seu patamar mais baixo desde 1991, segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) divulgados nesta quarta-feira (21). Foram 237 homicídios em setembro e 2.650 desde o início do ano, uma queda de 12,6% em comparação ao mesmo período do ano passado. A redução no índice vai de encontro ao movimento nacional de aumento no número de homicídios. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que o número de assassinatos no país, em queda desde 2018, voltou a crescer no primeiro semestre de 2020. De janeiro a junho, ocorreram 21.764 homicídios dolosos no Brasil, em comparação a 20.105 no mesmo período de 2019. As mortes violentas intencionais, índice que reúne homicídios, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e morte decorrente de intervenção policial, também apresentaram aumento. No Rio, até agora, esse índice teve diminuição de 19,6% em relação ao ano passado. No trimestre de julho a setembro, as mortes por intervenção policial também apresentaram redução de 70% em comparação ao mesmo período de 2019. As mortes por agentes de segurança caíram após decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que restringiu operações policiais durante a pandemia do novo coronavírus. Em setembro, foram 52 mortes do tipo. Em maio, antes da determinação, foram 130. Para o professor João Trajano Sento-Sé, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, a redução nos homicídios a despeito do menor número de operações policiais indica uma falha na correlação entre abordagens mais duras na segurança pública e diminuição da criminalidade. “Primeiro, o declínio nos homicídios era observado em outros estados que não tiveram intervenção federal, e que têm políticas totalmente diferentes das adotadas no Rio. O aumento da letalidade policial não concorre para a redução da criminalidade. Não é estratégia eficaz, inteligente nem eticamente defensável como política de segurança”, diz. Também apresentaram importante redução em 2020 outros índices como latrocínio, roubo de carga e roubo de rua. Sento-Sé avalia que a quarentena, com consequências como a redução da atividade econômica e da circulação de pessoas nas ruas, pode ter contribuído para a diminuição nos índices de criminalidade. O sociólogo também afirma que o crescimento do número de assassinatos no país é mais intrigante do que a redução no Rio, que já vinha se desenhando nos últimos anos. “A quarentena gera uma redução na circulação de pessoas, tem uma mudança nos padrões de comportamento de risco. Consequentemente, a incidência criminal declina. Seria a explicação mais óbvia, se estivéssemos observando esse declínio de forma mais generalizada”, diz. O aumento da letalidade no país foi puxado em boa parte pelo Ceará. Foram 1.050 mortes a mais no estado, 68% das 1.700 mortes a mais que ocorreram em todo o país. O estado vive uma crise de segurança e enfrentou greve da Polícia Militar em fevereiro, quando o número de assassinatos bateu recordes. Pernambuco, Bahia e São Paulo são alguns dos outros estados que ajudaram a puxar a alta nos assassinatos.

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