SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para o Paris Saint-Germain, o sonhado título da Champions League tem um preço: 1,25 bilhão de euros (R$ 8,4 bilhões). Em agosto de 2011, a Qatar Sports Investimets comprou 70% das ações do clube francês. Gastou esse valor em contratações desde então, com o objetivo maior de conquistar o principal torneio europeu. Nove anos após o início do projeto, o PSG está mais perto do que nunca. Neste domingo (23), às 16h (de Brasília), o time decide o título da competição contra o Bayern de Munique (ALE), no Estádio da Luz, em Lisboa. A vitória seria a coroação do investimento que chegou ao ápice em 2017, quando o clube deu 222 milhões de euros (R$ 1,48 bilhão em valores atuais) ao Barcelona para pagar a multa rescisória de Neymar. No dia da apresentação do brasileiro, em 5 de agosto daquele ano, Nasser Al-Khelaïfi, CEO do PSG, disse que o atacante não era um gasto extravagante, mas sim a peça ideal para o que a equipe pretendia mostrar em campo. Não foram muitos os que acreditaram. Na primeira entrevista do jogador, mais de uma pergunta foi sobre quando ele poderia deixar a França e qual o valor para quebra de contrato. “Vocês já estão querendo que eu vá embora?”, brincou Neymar. Três anos depois, ele está a 90 minutos de atingir o objetivo não só dele, mas da família real do Qatar, que é a dona de fato do Paris Saint-Germain. A Qatar Sports Investments, que em 2012 compraria os 30% restantes das ações para ter o controle total, é subsidiária da Qatar Investment Authority, fundo soberano qatari avaliado em US$ 355 bilhões (R$ 2 trilhões). O conglomerado também tem a BeIn, canal a cabo que é um dos donos dos direitos de transmissão do Campeonato Francês. Como dinheiro não é problema, o planejamento não sofreu abalos ou desvios de rota nem diante das decepções em campo. Se domina a liga nacional, com sete títulos consecutivos, na Champions League o PSG patinou até este ano. À exceção da temporada atual, nas sete anteriores sob o comando qatari o time foi eliminado quatro vezes nas quartas de final e três nas oitavas. A melhor participação no torneio até agora havia acontecido em 1995, quando perdeu para o Milan na semifinal. Desde a venda para a Qatar Sports Investments, o PSG contratou 43 jogadores de 15 nacionalidades (França, Brasil, Argentina, Uruguai, Espanha, Itália, Suécia, Polônia, Portugal, Costa Rica, Senegal, Sérvia, Holanda, Bélgica e Alemanha). Depois dos franceses (10), os maiores alvos do clube no mercado foram os brasileiros. Oito desembarcaram em Paris desde a temporada 2011-12: Thiago Motta, Alex, Maxwell, Thiago Silva, Lucas Moura, Marquinhos, David Luiz e Neymar. Ao pendurar as chuteiras, em 2017, Maxwell virou diretor da equipe. Em 2011, quando a empresa assumiu o clube, nomeou o ex-jogador Leonardo para comandar o futebol profissional. A estatística de transferências não leva em conta atletas que chegaram a Paris por empréstimo ou de graça. Como acontece em todos os times, jogadores também foram vendidos, mas os valores destes são bem inferiores aos de compra. Nos mesmos nove anos, o clube negociou o equivalente a 443,8 milhões de euros (3 bilhões), R$ 5,4 bilhões a menos do que em compras. O saldo da atual temporada foi positivo pela primeira vez desde a compra pelos qataris. O PSG vendeu 105,9 milhões de euros (R$ 709,6 milhões) em atletas e investiu 95 milhões de euros (R$ 636,6 milhões). Pode ser uma mudança que permaneça nas próximas temporada, já que ano a ano o Paris Saint-Germain tem montado elencos mais fortes, menos dependentes de apenas um jogador. O trio de ataque atual, com Di María, Neymar e Mbappé, foi formado de 2015 a 2018, ao custo de 330 milhões de euros (R$ 2,2 bilhões). Mas a equipe entrentou o RB Leipzig na semifinal da Champions também com jogadores que chegaram de graça (Ander Herrera), emprestados (Sergio Rico) ou formados nas categorias de base (Kimpembe), este último um dos únicos franceses entre os titulares, ao lado de Mbappé.