BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após o Senado derrubar o veto que impede reajustes para servidores até o fim de 2021, o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), desencadearam uma operação para impedir que deputados repitam o resultado da votação de quarta-feira (19) e abram brecha para que o funcionalismo receba aumento salarial nos próximos meses. Bolsonaro já declarou na manhã desta quinta-feira (20) que o prejuízo com a derrubada do veto pode ser de R$ 120 bilhões e que será impossível governar o Brasil caso a derrota do governo seja confirmada pela Câmara. Os líderes do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), convocaram uma reunião para angariar votos entre deputados Embora a Câmara seja considerada um terreno mais seguro para o tema, uma vez que convergem sobre o assunto tanto o governo quanto o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o Planalto avalia que vai precisar mobilizar parlamentares para evitar um desfecho desfavorável. A votação é tratada como um primeiro teste de fogo de Barros, expoente do centrão que recentemente assumiu a liderança do governo na Câmara. Além da ação junto a Maia, auxiliares de Bolsonaro contam com a ação de governadores, que também sofreriam perdas caso seja aberta a brecha para aumentos salariais de servidores. Maia convocou uma entrevista coletiva logo após a reunião realizada no fim da manhã desta quinta e afirmou que a manutenção do veto é importante para dar uma sinalização clara em relação ao equilíbrio fiscal. “A reunião de hoje com os líderes do governo, com os líderes dos partidos, é uma reunião da nossa responsabilidade com o país. Tinham partidos que são da base, partidos que são independentes. Mas todos esses partidos, desde o governo do presidente Michel Temer (MDB), a gente tem trabalhado junto e votado junto esse caminho do equilíbrio fiscal, do respeito ao controle de gasto.” Ladeado por Gomes, Barros e líderes de diversos partidos, Maia disse que a manutenção do veto não é contra os servidores. “Foram R$ 60 bilhões garantindo recursos para o caixa de estados e municípios, para o caixa da saúde de estados e municípios com esse objetivo, para que a saúde pudesse ampliar as suas despesas e para que o salário dos servidores públicos fossse garantidos. O que nós queremos aqui é deixar claro que a manutenção do veto de forma nenhuma vai contra o servidores, muito pelo contrário, vai a favor do servidor público.” Maia adotou um tom pacificador não apenas em relação aos servidores, mas também ao Senado. Ele reclamou do ataque feito pelo ministro Paulo Guedes (Economia) após a votação na Casa. “Não nos ajuda o ministro da Economia atacar o Senado Federal. Isso inclusive atrapalha e pode contaminar o nosso processo de votação. Então, nosso respeito ao Senado Federal, à sua independência e à democracia e à liberdade do voto de cada um dos senadores.” Guedes afirmou após a votação que “pegar dinheiro de saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é um crime contra o país” A derrota no Senado preocupou o Palácio do Planalto, que teme um rombo bilionário caso deputados confirmem a derrubada do veto. A ideia é acionar os chefes de governo estaduais e pedir que eles mobilizem suas bancadas para que não haja apoio suficiente para a derrubada do veto. “Confio na responsabilidade dos nossos deputados na manutenção dos vetos do Presidente Bolsonaro!!! É preciso garantir o equilíbrio fiscal e, consequentemente, a retomada do crescimento do País”, escreveu no Twitter o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Prevista para as 15h desta quinta-feira (20), a sessão do Congresso destinada à votação pelos deputados vai analisar o veto derrubado pelos senadores no início da noite dessa terça. São necessários 257 votos para derrubar o veto. Caso esse número não seja alcançado, o veto é mantido. Questionado se caso tema uma derrota no plenário da Câmara o governo pedirá um novo adiamento da votação, Gomes evitou se comprometer. O líder do governo afirmou que a decisão será do presidente do Congresso, que hoje será comandado pelo primeiro vice-presidente, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP). Ricardo Barros, por sua vez, associou a manutenção do veto a uma prorrogação do auxílio emergencial e afirmou que o empenho é em conseguir os votos para impedir a derrubada do veto. “Essa decisão é muito importante hoje porque o presidente vai eventualmente anunciar uma prorrogação do auxílio emergencial, e esse impacto pode e vai certamente mudar a possibilidade dos valores e do prazo que esse auxílio vai ser prorrogado. Então, eu estou pedindo a cada parlamentar da Câmara dos Deputados o apoio a essa matéria, o seu empenho no convencimento dos colegas e agradeço a todos os líderes que estão aqui e os que participaram remotamente dessa reunião.”