BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Após o agravamento da pandemia de Covid-19 no Distrito Federal, o secretário de Saúde, Francisco Araújo, reclamou da cobertura da imprensa e anunciou que vai promover uma mudança da metodologia de divulgação. “Nós precisamos levar em consideração que todas as vezes em que esse número [de mortos e óbitos] é divulgado no boletim precisa ser visto o óbito do dia, nas últimas 24 horas. O que é divulgado amplamente é o somatório. O óbito acontece nos cinco dias passados, e só conseguimos computar dias depois”, disse. “Nós vamos fugir dessas metodologia que o país inteiro está usando porque ela não está funcionando.” Araújo afirmou que o boletim diário da Covid vai apresentar apenas o número de óbitos ocorridos naquele determinado dia, e não mais segundo a data de notificação da morte. O titular da Saúde deu como exemplo os dados de segunda-feira (17), quando o boletim apontou um total de 66 mortes –considerando a data de notificação – quando na realidade apenas um óbito ocorreu efetivamente naquele dia. A mudança na metodologia já foi aventada pelo Governo Federal no início de junho e foi alvo de críticas. Após sucessivos recordes no número de mortes, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Ministério da Saúde passaria a divulgar apenas as mortes ocorridas em determinada data e não mais o acumulado de óbitos nem as mortes diárias segunda a data de notificação. Após pressão da sociedade, o governo recuou e manteve o mesmo formato de divulgação. Na ocasião, um consórcio de veículos de imprensa passou a realizar um levantamento próprio com base nos dados das secretarias estaduais de Saúde. Também por causa da alta de Covid-19, o governador Ibaneis Rocha (MDB) recuou e decidiu suspender a volta às aulas na rede pública por tempo indeterminado. O retorno às aulas na rede pública estava previsto para o dia 31 de agosto. O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira (19) em entrevista coletiva à imprensa com os secretários Gustavo Rocha (Casa Civil), Leandro Cruz (Educação), José Humberto Pires (Governo) e Araújo (Saúde). “O que tivemos neste momento não foi uma suspensão da volta às aulas”, disse o secretário de Educação, Leandro Cruz. “A gente falou que, orientado pelo governador Ibaneis, a gente tinha aquela data como uma data de referência. E a gente avaliaria, dia a dia, semana a semana, mês a mês, fase a fase a fase a evolução da pandemia para saber qual seria o momento mais seguro e indicado para retomar as aulas no sistema híbrido “, afirmou o secretário, em referência ao modelo que mistura aulas presenciais e ensino a distância. A retomada das atividades na rede particular de ensino está suspensa por conta de uma determinação judicial. O secretário de Educação afirmou que o ensino remoto será reforçado enquanto as atividades presenciais continuarem suspensas. Cruz disse que uma das medidas em análise é a implementação de aulas transmitidas pela televisão. O Distrito Federal vive nos últimos meses uma piora na pandemia da Covid-19. Boletim do Ministério da Saúde divulgado na noite de terça-feira aponta um total de 140.170 casos confirmados da doença e 12.097 mortes na capital federal. Os secretários do governo do Distrito Federal também não descartaram um novo fechamento do comércio caso os números de infecções e mortes em decorrência da Covid-19 continuem em alta. Histórico Em poucos meses, o DF passou de modelo no combate ao coronavírus para caso de calamidade pública.O Distrito Federal chegou a ser uma das unidades da federação que o Ministério da Saúde considerou como em fase de “transição para aceleração descontrolada” da infecção. A partir de março, a capital federal promoveu uma grande política de distanciamento social, fechando o comércio, restaurantes e academias. Também inovou ao implementar um programa amplo de testagem da população. A situação melhorou nos meses seguintes, quando a situação pareceu controlada. A gestão do governador Ibaneis Rocha começou então a retomar as atividades, apesar de questionamentos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Rocha recorreu em cada liminar que barrou a reabertura da economia. No início de julho, o governo decretou estado de calamidade pública por conta da Covid-19. Três dias depois, no entanto, publicou um decreto com o cronograma para a reabertura de bares, restaurantes, academias e para a retomada das aulas nas redes pública e privada. Naquela data, o Distrito Federal contabilizava 46.559 casos da doença e um total de 578 mortos. Atualmente, todas as atividades comerciais se encontram em funcionamento.