SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após três meses de alta, as mortes por Covid-19 no estado de São Paulo se mantêm estáveis desde meados de junho. A situação, porém, ainda não é de tranquilidade: foram em média 255 novos registros por dia nesse período, maior patamar considerando os cinco meses de pandemia. Ou seja, os óbitos até pararam de crescer, mas ainda não começaram a diminuir, como aconteceu em estados como Pernambuco e Amazonas, que tiveram pico em maio e agora têm observado tendência de queda no número de mortes. Só em agosto foram mais de 3.000 vidas perdidas para a doença entre os paulistas. No total, o estado contabiliza, até este sábado (15), 26.780 mortes e 697.530 casos de coronavírus. O número de novos casos, por sua vez, passou por mais oscilações, com o último período de alta em julho. Em agosto, até o momento, a tendência é de estabilização, também em patamar elevado. A média móvel de 14 dias para a quarta (12) era de 10.070 diagnósticos. A média móvel é usada para suavizar a variação sazonal dos dados. Há menos registros nos fins de semana e feriados, quando há menos funcionários para fazer a contabilização, ao passo que os números crescem às terças-feiras, quando são inseridos os dados represados. Além disso, problemas em plataforma do Ministério da Saúde utilizada para contabilizar casos tem afetado a divulgação dos dados por alguns estados, incluindo São Paulo, o que provoca oscilações nos números diários e impacta a análise do cenário. Uma possível explicação para o aumento dos novos casos em São Paulo, uma vez que as mortes ficaram estáveis, é a intensificação da testagem, questão sensível no país. Comparado à Europa, aos EUA e a vizinhos da América do Sul, o Brasil é um dos países que menos testou sua população. Nos últimos meses, houve aumento dos exames em São Paulo. Segundo o governo do estado, o número de testes saiu de uma média diária de 5.000 em abril para 40 mil em julho. Ainda não há informações consolidadas sobre o mês de agosto. Outra possibilidade é de o aumento dos casos a partir do fim de julho ainda não ter se refletido no número de mortes em razão do tempo de evolução da doença. De acordo com dados do Ministério da Saúde, metade dos pacientes que morreram passaram mais de uma semana internados. Essa é uma hipótese menos provável, dada a situação atual dos hospitais. Segundo o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), São Paulo tem hoje o menor índice de ocupação de UTIs desde o início do processo de reabertura e flexibilização de medidas de isolamento social. Na sexta (14), 57,8% das vagas estavam ocupadas por pacientes. Na quinta (13), o governo estadual adotou recomendação do Ministério da Saúde e passou a contabilizar também mortes em que o diagnóstico da Covid-19 não se deu por meio de teste, mas por critérios clínicos e de imagem (tomografia do pulmão indicando o efeito do vírus, por exemplo). Com isso, foram acrescentados 234 óbitos ao total registrado. Segundo o governo paulista, a maioria das mortes ocorre entre homens (58%) e entre pessoas com mais de 60 anos (75%). Já em relação aos casos confirmados, há mais mulheres (52%) e jovens –47% têm até 40 anos. Na capital paulista, de acordo com estudo feito pela prefeitura a partir de testagem em massa, jovens de 18 a 34 anos são os principais infectados, com 18% da população nessa faixa etária apresentando anticorpos da doença. A cidade também tem tendência de estabilidade no número de mortes desde junho, embora tenha havido leve alta nas últimas duas semana.