BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O ex-presidente do Equador Abdalá Bucaram (1996-1997) foi preso na madrugada desta quarta-feira (12) em sua casa, em Guayaquil. Bucaram, 68, estava sendo investigado por corrupção e possível participação no assassinato de um criminoso israelense, Tomer Sheinman, preso em um esquema de compra irregular de remédios. A prisão ocorre dois dias depois de o político de centro-esquerda anunciar sua intenção de concorrer à Presidência nas eleições previstas para fevereiro de 2021. Imagens exibidas pela TV equatoriana mostram Bucaram sendo acordado, apenas de cuecas, e expondo a tornozeleira eletrônica que é obrigado a usar desde junho. Nos últimos dias, o processo contra ele ganhou novos ingredientes com a divulgação de um áudio que traz uma conversa com Sheinman, pouco antes do assassinado. A Procuradoria investiga se Bucaram estava envolvido em tráfico de influências na compra e venda de medicamentos. Em depoimento, Sheinman teria incriminado Jacobo Bucaram, um dos filhos do ex-mandatário. Quando foi decretada a prisão domiciliar do ex-presidente, também foi pedida a prisão preventiva dos três filhos dele, suspeitos de integrar o esquema -mas os três estão foragidos. Um deles, Dalo Bucaram, manifestou-se contra a prisão do pai nas redes sociais. Ele afirmou que se trata de “perseguição política” e que não há justificativa por se tratar de “um homem de 70 anos, que já usa tornozeleira eletrônica e se apresenta todos os dias à Procuradoria, por decisão judicial”. A Presidência de Bucaram foi marcada por grande tensão social e protestos. O líder, de estilo populista, propôs uma política de ajustes e enfrentava muita resistência do Congresso, que o destituiu por “incapacidade mental” -embora não tenham sido realizados exames médicos que comprovassem a situação. Bucaram acabou exilando-se no Panamá. Além de Bucaram, outros dois presidentes eleitos de forma democrática foram afatastos do cargo no Equador entre 1996 e 2005 -Jamil Mahuad e Lucio Gutiérrez. Esse período de grande instabilidade institucional só se acalmou com a eleição de Rafael Correa (que governou entre 2007 e 2017).